Dia: 08/01/2012 Primeira Leitura: Isaías 60, 1-6 1Levanta-te, sê radiosa, eis a tua luz! A glória do Senhor se levanta sobre ti.2Vê, a noite cobre a terra e a escuridão, os povos, mas sobre ti levanta-se o Senhor, e sua glória te ilumina. 3As nações se encaminharão à tua luz, e os reis, ao brilho de tua aurora. 4Levanta os olhos e olha à tua volta: todos se reúnem para vir a ti; teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são transportadas à garupa. 5Essa visão tornar-te-á radiante; teu coração palpitará e se dilatará, porque para ti afluirão as riquezas do mar, e a ti virão os tesouros das nações.6Serás invadida por uma multidão de camelos, pelos dromedários de Madiã e de Efá; virão todos de Sabá, trazendo ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor. - Palavra do Senhor. Salmo Responsorial(71) REFRÃO: As nações de toda a terra, hão de adorar-vos ó Senhor! 1. De Salomão. Ó Deus, confiai ao rei os vossos juízos. Entregai a justiça nas mãos do filho real, para que ele governe com justiça vosso povo, e reine sobre vossos humildes servos com equidade. - R. 2. Florescerá em seus dias a justiça, e a abundância da paz até que cesse a lua de brilhar. Ele dominará de um ao outro mar, desde o grande rio até os confins da terra. - R. 3. Os reis de Társis e das ilhas lhe trarão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecer-lhe-ão seus dons. Todos os reis hão de adorá-lo, hão de servi-lo todas as nações. - R. 4. Porque ele livrará o infeliz que o invoca, e o miserável que não tem amparo. Ele se apiedará do pobre e do indigente, e salvará a vida dos necessitados. - R. Segunda Leitura: Efésios 3, 2-3.5-6 Irmãos: 2Vós deveis ter aprendido o modo como Deus me concedeu esta graça que me foi feita a vosso respeito. 3Foi por revelação que me foi manifestado o mistério que acabo de esboçar. 5que em outras gerações não foi manifestado aos homens da maneira como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas. 6A saber: que os gentios são co-herdeiros conosco (que somos judeus), são membros do mesmo corpo e participantes da promessa em Jesus Cristo pelo Evangelho. - Palavra do Senhor. Evangelho: Mateus 2, 1-12 Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo,1Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém. 2Perguntaram eles: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.3A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele.4Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde havia de nascer o Cristo. 5Disseram-lhe: Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta: 6E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo(Miq 5,2). 7Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido. 8E, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo.9Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que e estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou. 10A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.11Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra. 12Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho. - Palavra da salvação. |
Cristo, luz para as nações e para o interior de cada homem
Postado por: homilia
janeiro 8th, 2012Hoje celebramos a Epifania do Senhor. Para nós, cristãos, a Solenidade da Epifania representa a assunção humana de Jesus Cristo, quando o filho do Criador dá-se a conhecer ao Mundo. Na narração bíblica, Jesus deu-se a conhecer a diferentes pessoas e em diferentes momentos, porém, o mundo cristão celebra como epifanias três eventos: a Epifania propriamente dita perante os Magos do Oriente (como está relatado em Mateus 2, 1-12); a Epifania a João Batista no rio Jordão e a Epifania a Seus discípulos e início de Sua vida pública com o milagre de Caná quando começa o Seu ministério.
No sentido literário, a “epifania” é um momento privilegiado de revelação, quando acontece um evento ou incidente que “ilumina” a vida da personagem.
O “Dia de Reis”, segundo a tradição cristã, seria aquele em que Jesus Cristo recém-nascido recebera a visita de uns “magos” que, segundo o hagiológio, foram três Reis Magos.
A data marca, para nós católicos, o dia para a adoração dos Reis, que a tradição surgida no século VIII converteu nos santos Belchior, Gaspar e Baltazar. Nesta data, ainda, encerram-se os festejos natalinos – sendo o dia em que são desarmados os presépios e, por conseguinte, são retirados todos os enfeites natalinos.
O tema da luz domina as solenidades do Natal e da Epifania, que antigamente – e ainda hoje no Oriente – estavam unidas numa só grande “festa das luzes”. No sugestivo clima da Noite Santa apareceu a luz. Nasceu Cristo “luz dos povos”. É Ele o “sol que surge do alto (cf. Lc, 1,78). Sol vindo ao mundo para dissipar as trevas do mal e inundá-lo com o esplendor do amor divino. Escreve o evangelista João: “O Verbo era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, a todo o homem ilumina” (1, 9).
“Deus é luz”, recorda sempre São João, sintetizando não uma teoria gnóstica, mas “a mensagem que recebemos dele” (1 Jo 1, 5), isto é, de Jesus. No Evangelho, ele lembra de novo a expressão recolhida dos lábios do Mestre: “Eu sou a luz do mundo; quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8, 12).
Encarnando, o Filho de Deus manifestou-se como luz. Luz não só para o exterior, na história do mundo, mas também para o interior do homem, na sua história pessoal. Fez-se um de nós dando sentido e valor renovado à nossa existência terrena. Deste modo, no pleno respeito pela liberdade humana, Cristo tornou-se ” lux mundi” (a luz do mundo). Luz que brilha nas trevas (cf. Jo 1, 5).
Hoje, na solenidade da “Epifania”, que significa “Manifestação”, volta com vigor o tema da luz. Hoje, o Messias, que em Belém se manifestou a humildes pastores da região, continua a revelar-se luz dos povos de todos os tempos e de todos os lugares. Para os Magos, vindos do Oriente para O adorar, a luz do “rei dos judeus que acaba de nascer” (Mt 2, 2) assume a forma de um astro celeste, muito brilhante, a ponto de atrair o seu olhar e os guiar até Jerusalém. Põe-nos, assim, nas pegadas das antigas profecias messiânicas: “Uma estrela sai de Jacó e um cetro flamejante surge do seio de Israel…” (Nm 24, 17).
Como é sugestivo o símbolo da estrela que se repete em toda a iconografia do Natal e Epifania!
Ainda hoje, evoca profundos sentimentos, mesmo se, como tantos outros sinais do sagrado, corre o risco de se tornar banalizada pelo uso consumista que dela é feito. Todavia, recolocada no seu contexto original, a estrela que contemplamos no presépio fala ao espírito e ao coração do homem do terceiro milênio.
Fala ao homem secularizado, despertando nele a nostalgia da sua condição de viandante à procura da verdade e desejoso do absoluto. A própria etimologia do verbo “desejar” evoca a experiência dos navegantes, que se orientam durante a noite observando os astros, que em latim se chamam “sidera”.
Quem não sente a necessidade de uma “estrela” que o guie no seu caminho sobre a terra? Sentem esta necessidade tanto os indivíduos como as nações. Para vir ao encontro deste desejo de salvação universal, o Senhor escolheu para si um povo, que fosse estrela orientadora para “todas as famílias da terra” (Gn 12, 3). Com a Encarnação de Seu Filho, Deus alargou, depois, a eleição a todos os outros povos, sem distinção de raça e cultura. Assim nasceu a Igreja, formada por homens e mulheres que, “unidos em Cristo, são dirigidos pelo Espírito Santo na sua peregrinação para o Reino do Pai e receberam uma mensagem de salvação, que devem comunicar a todos” (Gs 1).
Ressoa, portanto, para toda a comunidade eclesial o oráculo do profeta Isaías, que escutamos na primeira leitura: “Levanta-te e resplandece, chegou a tua luz; a glória do Senhor levanta-se sobre ti!… As nações caminharão à tua luz, os reis, ao resplendor da tua aurora” (Is 60, 1.3).
Acolhendo Jesus, nossa Luz, sejamos como estrelas que O apontem para a humanidade ou levem a humanidade até Ele, para que O conheça e O adore, e O tenha como a Luz de sua vida. O ouro aponta Jesus como o Rei universal; o incenso, como Deus. Mas é Rei e Deus pelo amor e serviço sem reservas nem medidas, até o extremo da morte, lembrada pela mirra.
Padre Bantu Mendonça
Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Beato Guerric d'Igny (c. 1080-1157), abade cistercience
3º Sermão para a Epifania
Levanta-te e resplandece, Jerusalém, que está a chegar a tua luz (Is 60,1). Abençoada sejas, Luz «vinda em nome do Senhor»! «O Senhor é Deus; Ele tem-nos iluminado!» (Sl 118,26-27). Pela Sua benevolência, este dia santificado pela iluminação da Igreja brilhou sobre nós. É por isso que Te damos graças, «Luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1,9), e que foi precisamente para isso que vieste ao mundo, tomando forma humana. Ela resplandece sobre Jerusalém, nossa mãe (cf Gl 4,26), mãe de todos os que mereceram ser iluminados; e ilumina, desde agora, todos os que estão no mundo. Damos-Te graças, Luz verdadeira: fizeste-Te Luz para iluminar Jerusalém e para que o Verbo, a Palavra de Deus, Se tornasse «farol para os meus passos» (Sl 119,105). [...] Ela não foi apenas iluminada: foi «colocada sobre um candelabro» de ouro maciço (Mt 5,15; Ex 25,31). Ei-la que se tornou «uma cidade situada sobre um monte» (Mt 5,14) [...] para que o Seu Evangelho brilhe em toda a extensão dos impérios do mundo. [...]
Ó Deus, Tu que iluminas todas a nações, para Ti cantámos: «o Senhor virá e iluminará os olhos dos Seus servos». Agora vieste, ó minha Luz: «Ilumina os meus olhos para não adormecer na morte» (Sl 13,4). [...] Tu vieste, Luz dos crentes, e hoje deste-nos a alegria de sermos iluminados pela fé, que é a nossa lâmpada. Dá-nos ainda e sempre a alegria de ver iluminar-se em nós aquilo que continua a ser trevas. [...]
Eis o caminho que tens de tomar, alma fiel, para chegar à pátria onde «as trevas tornar-se-ão como o meio-dia» (Is 58,10) e a «noite será [...] brilhante como o dia» (Sl 139,12). E «quando vires isto, ficarás radiante de alegria; o teu coração palpitará e se dilatará» quando a terra se encher da majestade da luz infinita e a «Sua glória aparecer sobre ti» (Is 60,5.2). [...] «Vinde, [...] caminhemos à luz do Senhor» (Is 2,5). Então, «como filhos da Luz», caminharemos «de glória em glória, pelo Senhor que é Espírito» (2Co 3,18).
Ó Deus, Tu que iluminas todas a nações, para Ti cantámos: «o Senhor virá e iluminará os olhos dos Seus servos». Agora vieste, ó minha Luz: «Ilumina os meus olhos para não adormecer na morte» (Sl 13,4). [...] Tu vieste, Luz dos crentes, e hoje deste-nos a alegria de sermos iluminados pela fé, que é a nossa lâmpada. Dá-nos ainda e sempre a alegria de ver iluminar-se em nós aquilo que continua a ser trevas. [...]
Eis o caminho que tens de tomar, alma fiel, para chegar à pátria onde «as trevas tornar-se-ão como o meio-dia» (Is 58,10) e a «noite será [...] brilhante como o dia» (Sl 139,12). E «quando vires isto, ficarás radiante de alegria; o teu coração palpitará e se dilatará» quando a terra se encher da majestade da luz infinita e a «Sua glória aparecer sobre ti» (Is 60,5.2). [...] «Vinde, [...] caminhemos à luz do Senhor» (Is 2,5). Então, «como filhos da Luz», caminharemos «de glória em glória, pelo Senhor que é Espírito» (2Co 3,18).
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